Este blog serve de suporte as aulas de Ciências do 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Professora Heloisa Louzada.
Aqui serão postados assuntos relacionados as aulas e todos os estudantes são convidados a participar deste blog e a deixar seus comentários aqui.

quarta-feira, 31 de maio de 2017

O corpo é a senha

Soluções biométricas criadas por empresas nacionais fazem o reconhecimento por atributos únicos, como o formato do rosto.


   Nos modelos mais modernos de smartphone, o usuário não precisa mais digitar uma senha para acessar seu conteúdo: basta encostar o dedo no sensor de leitura de impressão digital integrado ao aparelho. Essa é uma das novas aplicações de uma tecnologia que está cada vez mais presente: os sistemas de identificação biométrica. São aparelhos que fazem o reconhecimento do indivíduo por suas características únicas, como a impressão digital, o desenho da palma da mão, os traços do rosto, o formato da íris ou detalhes da voz. Para se ter uma ideia da dinâmica desse mercado, as vendas globais de soluções biométricas devem superar a marca de US$ 30 bilhões em 2021, conforme estudo da consultoria de inteligência de mercado ABI Research, dos Estados Unidos.
   No Brasil, o setor movimentou cerca de R$ 500 milhões em 2016 e deve dobrar de tamanho até 2020, segundo projeções da Associação das Empresas de Tecnologia em Identificação Digital (Abrid). As tecnologias biométricas são usadas no país principalmente pelo sistema bancário na identificação dos correntistas e validação de acesso à conta em caixas eletrônicos. No setor público, o uso da biometria deve crescer com a sanção, neste mês, da Presidência da República sobre a Identificação Civil Nacional (ICN), que contará com um chip e irá reunir em um só documento dados biométricos e registros públicos de identificação dos cidadãos, como o Registro Geral (RG), o Cadastro de Pessoa Física (CPF) e o Título de Eleitor. A mesma base de dados biométricos formada pela Justiça Eleitoral será utilizada para a nova identidade civil.
   “A biometria proporciona um mecanismo de autenticação inequívoca do usuário, eliminando a necessidade de memorização de informações para autenticação, como códigos ou senhas alfanuméricas”, diz Luciano Baptista, curador do Biometrics HITech, o principal evento do setor no país, em sua terceira edição este ano. “A biometria sofreu um salto tecnológico importante nos anos 1990 e começou a se popularizar no mundo a partir da década de 2000. Cada vez mais, é usada para identificar pessoas, aumentar a segurança de dados e transações, eliminar processos burocráticos e evitar fraudes.”
   A maioria dos sistemas foi criada e é fabricada por grandes multinacionais, como a japonesa NEC, a francesa Morpho, a alemã Dermalog e a norte-americana Cogent, mas outros foram projetados por empresas e centros de pesquisa nacionais. “No Brasil, cerca de uma dúzia de empresas desenvolvem tecnologias biométricas”, destaca Carlos Alberto Collodoro, cofundador da Biometrics HITech. As tecnologias desenvolvidas no Brasil são em grande parte de softwares usados para processamento e autenticação dos traços biométricos dos indivíduos. Uma das principais desenvolvedoras do país é a Griaule, companhia de base tecnológica criada em 2002 na incubadora de empresas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior paulista, com apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (Pipe) da FAPESP.    


Reconhecimento facial
   A biometria também está sendo usada no controle de fronteiras do país. Catorze aeroportos brasileiros contam desde 2016 com a solução Neoface, da japonesa NEC, que permite o reconhecimento facial de passageiros que embarcam ou desembarcam em voos internacionais. O sistema, que identifica as pessoas pelos traços do rosto, foi adquirido pela Receita Federal e é usado para identificar foragidos da polícia, suspeitos de contrabando e tráfico de drogas, entre outros crimes. As imagens captadas pelas câmeras instaladas nos aeroportos são cruzadas com as do banco de dados da Receita, Polícia Federal e Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Um aspecto do Neoface, também em operação em outros países, é que ele é capaz de reconhecer pessoas mesmo com pequenas mudanças na fisionomia, como barba crescida ou novo corte de cabelo.
   As soluções de reconhecimento facial também são usadas pela polícia no monitoramento de ambientes, como estádios de futebol, e no controle de acesso a locais públicos e privados. Levantamento da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) mostra que pelo menos 18 cidades brasileiras, entre elas Porto Alegre, Fortaleza e Manaus, já utilizam ferramentas de identificação facial no controle de passageiros em ônibus urbanos. Isso acontece para verificação do uso de bilhetes ou cartões que têm algum benefício, como estudantes e idosos, por pessoas não autorizadas.
   Alguns sistemas de biometria facial são desenvolvidos por empresas brasileiras. A captação da imagem do rosto pode ser feito por uma simples webcâmera de computador ou celular.
   
Voz única
   Situada em Campinas, a Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), instituição independente focada na inovação com base nas tecnologias da informação e comunicação (TICs), também projetou uma solução de biometria facial. Batizada de CPqD Smart Authentication, ela tem como diferencial ser integrada a um sistema de reconhecimento de voz. “O objetivo é verificar se uma pessoa é ela mesma por atributos únicos da voz e da face”, afirma Luciano Lemos, gerente de Produto do CPqD.
   A biometria de voz é empregada principalmente nos processos de autenticação de clientes para acessar ou autorizar transações em e-commerce e e-banking e na identificação de consumidores em ligações para call centers. É usada, ainda, nas operações para obtenção de nova senha, em que correntistas de bancos, clientes de cartões de crédito, participantes de planos de saúde, entre outros usuários de sistemas corporativos, precisam trocar a senha de acesso ao serviço.
   Uma das vantagens da biometria de voz é que ela pode ser executada por telefone, Skype, aplicativo no celular ou pelo computador. Outra é a agilidade que confere aos processos de identificação. “Pelo processo normal, um usuário leva cerca de um minuto e meio para ser identificado por um atendente de uma central de atendimento. Por meio da biometria de voz, o processo é automático e o tempo cai para 20 a 30 segundos”, diz Alexandre Winetzki, presidente da Woopi, braço de pesquisa e desenvolvimento da Stefanini, multinacional brasileira do setor de Tecnologia da Informação. A Woopi está trazendo para o Brasil a solução biométrica de voz da Nuance, líder norte-americana em sistemas de reconhecimento e processamento de voz, com mais de 50 milhões de usuários no mundo.

Fonte: http://revistapesquisa.fapesp.br/2017/05/23/o-corpo-e-a-senha/?cat=tecnologia